"Cada um de nós constrói a sua própria história e cada um carrega em si o dom
de ser capaz, de ser feliz"
Almir Sater/Renato Teixeira
De novo ao meu passado. Inicio assim porque são poucos os momentos que me fazem contar sobre o meu passado. Lembro-me, às vezes, ao pé da cama de meus filhos quando os colocava para dormir. Ali conto fatos da minha vida como filha, mulher , estudante... Leio livros, conto estórias, rezo... Igualzinho como meus pais faziam comigo. Os meninos sempre gastavam e continuam gostando.
Posso dizer que fui nascida em berço de ouro e educada por pais iluminados. Meu acesso a livros se deu muito cedo. Primeiro com os livros de estórias. Passei a minha infância ouvindo estórias lidas ou inventadas, por minha mãe ou pela babá, sobre príncipes, lobisomem e bruxas. Diante das narrativas eu buscava curiosamente as cenas contadas ou as imaginava. Lembro que meu pai não poupava esforços para compra de livros. Afirmava não haver desculpas para não estudar. Outro momento de contato com o livro era quando eu brincava com minhas bonecas ou amigas. Diante delas abria o livro e fingia ler estórias ouvidas ou inventadas por mim. Era um mundo encantado , divertido e muito enriquecedor.
Quando fui para a escola me alfabetizar já conhecia algumas letras aprendidas em casa, antes dos meus seis anos. A partir daí minhas leituras mudaram. No meu primeiro ano escolar li a cartilha ALICE, que reunia textos curtos e criados só para destacar o assunto a ser aprendido e estudado: letras, sílabas, palavra etc. Nossa, eu achava linda aquela menina bem arrumadinha, feliz e inteligente na capa do livro! Nessa época minhas leituras voltaram-se para estudar, decorar e repetir, para a professora ouvir e corrigir. O meu processo de alfabetização foi bastante metódico e sistemático no qual a professora ensinava e o aluno reproduzia. A leitura existia apenas para ser decodificada e lida com entonação. Paralelo a isso, em casa, conhecia cada vez mais fábulas de Fontaine e de outros autores similares.
Meu pai acreditava tanto na leitura, mesmo a despeito de só ter cursado até a 5ª série, que nos presenteava com livros e livros para atender a todas as finalidades: entretenimento, pesquisa, saúde, estudo etc. Aos doze anos ganhei “Moça”, livro para minha instrução e conhecimento sobre a sexualidade feminina. Li o livro todo, porque o tema muito me atraiu.
Ainda não foi no fundamental I que a escola me proporcionou leituras agradáveis. Ainda estava ligada a estudos para responder deveres e provas. Em contrapartida, o fundamental II já se apresentou mais aberto a leituras para entretenimento e reflexões de textos variados. Nessa época conheci os clássicos que enfeitavam a estante de minha casa: Machado de Assis, José de Alencar, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, e outros. No ensino médio com a professora de Literatura, li textos de Graciliano Ramos, Aluísio de Azevedo e Visconde de Taunay que enfatizavam as injustiças sociais e a discrepância das classes sociais. Muitas dramatizações foram realizadas para públicos diversos a partir dessas leituras. Descobri assim a magia de escrever textos para encenar. Contava-se de dedo os alunos que não se envolviam nas leituras e nos trabalhos. Já na universidade, com a paixão da minha professora Tica, pude vivenciar deliciosas descobertas em com Gregório de Matos e Fernando Pessoa escritores de trabalho muito peculiar e surpreendente.
Como profissional na arte de ensinar, outras leituras entraram na minha vida. Textos que me completam e me enriquecem como: Ingedore, Ângela Kleiman, Magda Soares, romances conteporâneos etc.
Assim posso afirmar que a leitura é a base do conhecimento e que deve fundamentalmente estar presente na vida de todo e qualquer cidadão.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Algumas lembranças frutos de leituras
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Estive por aqui lendo o seu blog!
ResponderExcluirAbraço Ademar!!!